O QUE É DEMÊNCIA ?
“Demência” é um termo usado para descrever um conjunto de
sintomas que afetam a função cerebral, como problemas de memória,
raciocínio, linguagem e comportamento. É uma condição crônica e
progressiva, o que significa que piora com o tempo e não tem cura,
embora existam opções de tratamento.
É importante ressaltar que a demência também afeta a saúde mental, incluindo a dos cuidadores e familiares. Portanto, é
necessário ter uma rede de apoio abrangente para todos os
envolvidos.
Demência em números
De acordo com dados
fornecidos pelo Ministério da Saúde, só no Brasil, cerca de 2
milhões de pessoas convivem com algum tipo de demência. E isso não
é tudo: a expectativa é de que esse número chegue aos 6 milhões
em 2050.
Critérios Diagnósticos para Demência:
Acometimento da memória
(progressivo).
O comportamento de pessoas com
demência também pode mudar, alternando entre momentos de agressividade e momentos de comportamento normal. Pode haver agitação psicomotora particularmente após o cair da tarde e inversão do padrão de sono, alteração na predileção pelos alimentos.
Acometimento de uma ou mais funções corticais altas:
o Gnosias quando ocorre fracasso em reconhecer ou identificar
objetos apesar da função sensorial intacta como reconhecer os
membros da família, reconhecer a própria imagem no espelho,
identificar objetos como lápis, caneta, mesa, dentre outros;
o Praxias quando ocorre prejuízo em executar atividades motoras
como pentear o cabelo, vestir-se, acenar, desenhar;
o Linguagem – Afasia – quando ocorre a dificuldade na evocação
de nomes de pessoas e objetos: Discurso digressivo, vazio,
circunlóquios;
o Função executiva refere-se ao pensar abstratamente e planejar
– contar até 10, mencionar nomes de animais em um minuto.
Declínio cognitivo gradual e
progressivo;
Exclusão da indução dos
sintomas por substâncias/drogas/álcool ou outras doenças do SNC –
Sistema Nervoso Central;
Déficits não ocorrem exclusivamente durante delirium e não
podem ser atribuídos à depressão.
Sinais de Alerta:
Esquecimento Interferindo na
Função
Dificuldade para AVDs –
Atividades da Vida Diária como Autocuidado, Mobilidade,
Alimentação, Higiene Pessoal, Vestir, Despir e Calçar.
Distúrbio de Linguagem.
Desorientação no Tempo e no
Espaço
Comprometimento do Julgamento
Comprometimento do Raciocínio
Abstrato
Perda Frequente de Objetos
Alteração do Humor e do
Comportamento
Mudança da Personalidade
Perda da Iniciativa
Também não é incomum que alguns pacientes tenham até mesmo crises convulsivas.
Os 7 estágios da demência
A demência é um processo gradual que geralmente ocorre em
diferentes estágios. Embora a progressão possa variar de pessoa
para pessoa, os estágios comumente observados de modo geral são:
estágio inicial: lapsos
de memória leves, dificuldade em lembrar nomes e encontrar
palavras;
estágio leve:
dificuldade em realizar tarefas cotidianas, desorientação em
lugares familiares, mudanças sutis no comportamento;
estágio moderado:
problemas de memória agravados, dificuldade em se
expressar verbalmente, necessidade de assistência para atividades
diárias;
estágio moderadamente
avançado: desafios significativos na comunicação,
necessidade de ajuda para vestir-se, comer e higiene pessoal;
estágio avançado:
assistência constante para cuidados pessoais, deterioração
contínua da memória e comunicação, possível perda de
mobilidade;
estágio severamente
avançado: perda da capacidade de comunicação verbal,
problemas de deglutição, total dependência de cuidados;
estágio terminal: debilidade intensa, perda
significativa de habilidades físicas e cognitivas, cuidados
paliativos para garantir conforto.
Quais os principais tipos de demência?
Existem doenças neurodegenerativas que geram demência, mas
também existem doenças clínicas (alguns exemplos: sífilis,
hipotireoidismo severo, anemias) e outros distúrbios mentais,
particularmente a depressão , em suas várias formas.
Entre algumas doenças, vou citar algumas, a seguir:
Doença de Alzheimer
É o tipo mais comum e conhecido de demência. A apresentação clínica pode ser de início precoce ou tardio. Sua causa ainda não
foi totalmente determinada, mas os cientistas acreditam que ocorra
por um desequilíbrio na formação de proteínas. Isso prejudica os
neurônios, pois leva à degeneração e morte dessas células,
resultando na perda gradual das funções cognitivas. Existe o fator genético envolvido (mutação de genes), mas há de se considerar que se existe um caso de demência na família, não necessariamente todos os membros terão ou desenvolverão demência no futuro. Também é muito comum que existam casos de demência numa família porém não tendo sido estabelecido o diagnóstico de Alzheimer - pode se tratar de outro tipo de demência !
Demência vascular
É causada por problemas na circulação sanguínea do cérebro. O
sangue é responsável pela oxigenação de todo o nosso corpo, e,
quando uma região do cérebro não recebe irrigação sanguínea
adequada, parte dela pode acabar morrendo.
Nesse contexto, o acidente vascular cerebral (AVC) é o problema mais comum. Os sintomas
variam dependendo da área do cérebro afetada pela falta de oxigênio
e incluem problemas cognitivos.
Demência frontotemporal
Como o próprio nome sugere, esse quadro afeta a parte frontal do
cérebro. Os sintomas, ligados à região afetada, prejudicam muito a
interação do portador com outras pessoas. Eles incluem:
mudanças de personalidade;
perda de inibição social;
dificuldades na linguagem;
alterações na capacidade de empatia.
Demência de corpos de Lewy
Outra forma de demência relacionada à formação de proteínas
no sistema nervoso é a demência por corpos de Lewy. Essa condição
pode ser confundida com o Mal de Parkinson, mas não é igual.
Os sintomas mais comuns incluem rigidez muscular, alterações no
sono e humor, alucinações e tremores. Assim como nos outros casos,
não há cura, apenas tratamentos que podem retardar a progressão do
problema.
Doença de Parkinson
Embora seja conhecida principalmente por seus sintomas motores, a
doença de Parkinson também pode levar a problemas cognitivos e
demência.
A demência parkinsoniana geralmente se manifesta em estágios
avançados da doença de Parkinson e pode incluir problemas de
memória, dificuldade de concentração e alterações de humor.
Doença de Huntington
É uma doença genética rara que causa a degeneração
progressiva das células nervosas do cérebro. Além de movimentos
anormais e alterações psiquiátricas, a doença de Huntington pode
levar a sintomas demenciais, como problemas de memória, raciocínio
e controle emocional.
Entre outras doenças ou condições ainda podemos citar: pseudodemência (ex: depressão) , delirium (estado confusional agudo, que pode estar associado a diversas causas), hidrocefalia de pressão normal, doenças infecciosas, doença de Creutzfeldt-Jacob, hematoma subdural crônico, etc...
Quais os fatores de risco?
Não há consenso sobre as causas de uma demência. No entanto,
existem fatores de risco que parecem fortemente associados ao
desenvolvimento de um quadro demencial, como:
idade avançada;
histórico familiar de demência;
doenças cardiovasculares;
diabetes;
tabagismo;
estilo de vida pouco saudável.
É importante destacar que nem todos os fatores de risco garantem
o desenvolvimento da demência, e algumas pessoas podem desenvolvê-la
sem apresentar esses fatores.
É possível prevenir a demência?
A ciência está trabalhando incessantemente para encontrar
maneiras de prevenir ou curar as demências, mas ainda há muito que
não sabemos sobre essas condições. No entanto, algumas pesquisas
indicam que boas práticas podem ajudar na prevenção
(particularmente no caso da demência vascular), tais como:
fazer atividades físicas regulares;
manter uma alimentação saudável;
evitar etilismo e tabagismo
estimular o cérebro, com
atividades como leitura, aprendizado de idiomas e prática de
instrumentos musicais;
gerenciar o estresse;
manter relações saudáveis com as pessoas.
Como é o diagnóstico?
Tanto no caso do Alzheimer como em outros tipos de demência, o diagnóstico é um grande
desafio. Como não existe um exame específico, o processo geralmente
é baseado na exclusão de outras possíveis causas para os sintomas.
Então, é realizado um check-up completo com exames
laboratoriais e de imagem. O médico também deve conduzir testes no
consultório e coletar um histórico completo do paciente.
A procura de um exame de fácil execução, baixo custo,
amplamente disponível , com alta sensibilidade e especificidade
continua nas pesquisas científicas. Ainda não temos este exame ,
seria maravilhoso ! No entanto, podemos fazer:
- A avaliação
cognitiva, feita por neuropsicólogo capacitado, traz informações
importantes sobre a memória do paciente , assim como das outras
funções mentais (raciocínio , linguagem , atenção /
concentração, cálculo, funções exxecutivas, praxias) e
comportamento. Essa avaliação é muito mais profunda e específica
do que o “mini-exame do estado mental “ que pode ser realizado em
consultório por qualquer médico, servindo como uma “triagem”.
O problema do mini-exame é que ele não avalia vários aspectos
cognitivos, nem comportamento.
- Os exames
laboratoriais comuns , que servem para descartar outras doenças
(clínicas) que podem causar demência (hipotireoidismo, deficiência
de B12, etc… )
- Alguns exames
específicos ,que podem ser solicitados em casos de dúvida na
suspeita de Alzheimer (muitos deles são de alto custo) :
PrecivityAD2
(sangue), dosagem de proteína tau , (no líquor), tau
fosforilada plasmática 217, ou p-tau217 (sangue);
apolipoproteína
E (sangue).
Estes
exames são coadjuvantes no diagnóstico.
-
A Ressonância magnética sozinha
não faz diagnóstico de Alzheimer,
ao
contrário do que pensa a população leiga.
Nas fases avançadas da doença o paciente tem marcada atrofia
cerebral e pode também apresentar alterações marcantes de
circulação sanguínea no cérebro – porém , este paciente já
está em fase avançada ! Nas fases iniciais da doença a RNM de
Crânio pode ser normal. Serve, entretanto, para afastar outras
causas
- O melhor exame de
imagem na doença de Alzheimer é o PET-CT Amilóide , porém
é um exame de alto custo e por isso não está acessível para a
maioria da população, e não é feito rotineiramente.
- O exame de certeza é o anatomopatológico,
(biópsia
cerebral enquanto o paciente está vivo é
muito raramente utilizada atualmente ,
reservada para algumas situações específicas, não para
diagnóstico de Alzheimer) exame do cérebro
realizado pelo patologista com microscópio, que é feito apenas
após o óbito. Estes exames geralmente são feitos em
universidades para pesquisa da população, onde a confirmação dos
casos pode gerar estatísticas mais fidedignas.
Qual o tratamento da demência?
Embora não haja cura para a demência, existem muitos tratamentos
que têm se mostrado promissores na redução da progressão dessas
condições. Alguns deles incluem:
os anticorpos monoclonais prometem
reduzir a progressão da demência. Hoje são considerados os
tratamentos mais promissores, porém têm alto custo e ainda não
estão disponíveis no Brasil. A taxa de resposta, infelizmente,
ainda é baixa.
medicamentos inibidores da
colinesterase : rivastigmina, donepezil, galantamina; antagonistas do receptor de N-metil-D-aspartato : memantina
Os medicamentos canabinóides : tratamento experimental, útil para os sintomas comportamentais, porém de alto custo, e que não impede a progressão da demência
a estimulação magnética ou
através de eletrodos implantados é experimental
terapia ocupacional;
estimulação cognitiva;
cuidados com a saúde mental;
nutrição adequada.
Compreender o que é demência é importante porque permite
identificar sintomas precocemente, buscar tratamento adequado,
quebrar estigmas e promover empatia. Esse conhecimento também ajuda
a adaptar cuidados conforme o tipo de demência e melhorar a
qualidade de vida dos portadores e cuidadores.
Fontes: H. Albert Einstein (site) ; Kelly, C. - Manual da D. de Alzheimer , Atlas Medical Publishing.