quarta-feira, 21 de março de 2018

LRRK2 e Doença de Parkinson

Mutações nesse gene têm sido associadas à doença de Parkinson tipo 8.

A mutação Gly2019Ser em LRRK2 é uma causa relativamente comum de doença de Parkinson familiar em caucasianos. [18] Pode também causar doença de Parkinson esporádica. O aminoácido Gly mutado é conservado em todos os domínios quinase de todas as espécies.

A mutação Gly2019Ser é uma de um pequeno número de mutações LRRK2 comprovadamente causadoras da doença de Parkinson. Destes, o Gly2019Ser é o mais comum no mundo ocidental, respondendo por ~ 2% de todos os casos de doença de Parkinson em caucasianos norte-americanos. Esta mutação é enriquecida em certas populações, sendo encontrada em aproximadamente 20% de todos os pacientes da doença de Parkinson Judaicos Ashkenazi e em aproximadamente 40% de todos os pacientes com doença de Parkinson de descendentes de árabes berberes do norte da África.

Inesperadamente, estudos de associação genômica descobriram uma associação entre LRRK2 e doença de Crohn , bem como com a doença de Parkinson, sugerindo que as duas doenças compartilham vias comuns.

Porque isso é importante ?
Uma grande vertente das pesquisas na Doença de Parkinson visa o tratamento (futuro) com terapia genética. O primeiro passo seria a identificação dos "trechos" no genoma humano responsável pela doença, viabilizando uma futura intervenção. No caso do Parkinson familiar, haveria em teoria a possibilidade de erradicar a doença !

Interações medicamentosas

O que é interação medicamentosa?
É um evento clínico que pode ocorrer entre medicamento-medicamento, medicamento-alimento ou medicamento-drogas (álcool, cigarro e drogas ilícitas). Caracteriza-se pela interferência de um medicamento, alimento, ou droga na absorção, ação ou eliminação de outro medicamento. Por isso quando você receber uma nova receita deve informar ao profissional de saúde se já está utilizando algum outro medicamento, pois um pode interferir nos efeitos do outro, tanto aumentando quanto diminuindo-os.
Os antiácidos são exemplos de medicamentos que interagem com diversos outros, podendo alterar as taxas de dissolução e absorção de medicamentos como os hormônios tireoidianos, antifúngicos imidazóis, antibióticos como a tetraciclina e os anti-inflamatórios como a aspirina, diclofenaco e ibuprofeno.
Anticoagulantes, como a varfarina, podem apresentar um risco maior de causar hemorragia se utilizados com alguns anti-inflamatórios. Vale ressaltar, que no caso da varfarina é indispensável o acompanhamento de um profissional de saúde para avaliar e monitorar o risco do uso combinado a outros medicamentos; vários alimentos também interferem com estes anticoagulantes, principalmente aqueles ricos em vitamina K.
Com o lançamento de novos medicamentos e a prática clínica da polifarmácia amplia-se a capacidade dos profissionais de saúde em atender as demandas dos pacientes, porém aumenta-se o uso combinado de fármacos, resultando em eventos adversos de grande importância para o desfecho clínico.

Inibidores da bomba de prótons e benzodiazepínicos
Utilizados no tratamento da úlcera péptica e refluxo gastroesofágico, os inibidores da bomba de prótons, como o omeprazol, são um dos fármacos mais utilizados na automedicação e em uso contínuo. Esses, por inibirem as enzimas metabólicas CYP3A4, responsáveis pelo metabolismo hepático dos benzodiazepínicos, como o diazepam, podem promover o aumento de seus níveis plasmáticos e causar ataxia e fraqueza muscular por deprimir diferentes regiões encefálicas do SNC. Por levar a uma interação prejudicial, uma opção seria o uso de Lorazepam, pois não apresenta metabolismo hepático oxidativo.
Síndrome serotoninérgica
Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) são amplamente prescritos. O uso de drogas serotoninérgicas causam uma super ativação dos receptores 5HT-1A periférico e pós-sináptico (síndrome serotoninérgica), gerando alterações do estado mental, hiperatividade neuromuscular e hiperatividade autonômica.
Uma causa da síndrome da serotonina é uma interação entre duas drogas serotoninérgicas com mecanismos de ação diferentes, como um ISRS ou um inibidor da recaptação da serotonina/norepinefrina (IRSN) coadministrado com tramadol, trazodona... Quanto maior a dose de ISRS, maior a probabilidade de efeitos adversos.
Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (IECA) e clorpromazina
Os IECA regulam o balanço entre as propriedades vasodilatadoras e natriuréticas da bradicinina e as propriedades vasoconstritoras e de retenção de sal da Angiotensina II pela redução da formação de Angiotensina II e da degradação de bradicinina. A Clorpromazina é uma substância antipsicótica clássica e inibidora da CYP2D6. Essa inibição pode causar a exacerbação do efeito do Captopril, um IECA, e o paciente pode apresentar hipotensão severa e síncope.
Penicilinas + Probenecida
A Amoxicilina é uma penicilina da classe dos antibacterianos beta-lactâmicos e a Probenecida é um agente uricosúrico que age diminuindo a reabsorção de ácido úrico, aumentando assim a sua excreção. A Probenecida, por inibição competitiva, interfere na secreção tubular renal das penicilinas, aumentando a concentração plasmática das mesmas. Dessa forma, tem-se uma interação benéfica através de um efeito antibacteriano acentuado das penicilinas.
Os antibacterianos estão entre os medicamentos mais utilizados na obtenção de interações vantajosas que se tornam promissoras para tratamentos futuros, com o impedimento ou retardo do aparecimento de resistência bacteriana.
Interações com Cetoconazol
Os antifúngicos azóis apresentam interações com diversas substâncias e, por isso, é importante que o médico esteja atento na hora de receitar, procurando sempre saber quais medicamentos o paciente já está utilizando.
O cetoconazol, por exemplo, é melhor absorvido pelo estômago em meio ácido, devendo, portanto, ser evitadas associações com drogas que diminuem a secreção gástrica, tais como: antiácidos, anticolinérgicos e bloqueadores dos receptores H2. Em associação com Rifampicina,Cetoconazol tem os seus níveis sanguíneos reduzidos, sendo, portanto, desaconselhável.
Caso o Cetoconazol seja administrado concomitantemente com ciclosporina A, os níveis sanguíneos da última devem ser rigorosamente acompanhados, pois Cetoconazol provoca um aumento dos mesmos. Em tratamento simultâneo de Cetoconazol com anticoagulantes do tipo cumarina, o efeito anticoagulante pode ser aumentado, devendo assim ser monitorado. O uso simultâneo de Cetoconazol com difenilhidantoína pode alterar o metabolismo de uma ou ambas as drogas, sendo recomendado um acompanhamento.
Os fitoterápicos
Ginkgo biloba é uma substância estimulante para o cérebro que facilita o fluxo sanguíneo arterial, cerebral e periférico, melhorando a oxigenação das células. É indicada para o tratamento da perda de memória, estágios iniciais de demência, tonturas, tinnitus (chiado no ouvido), hipoacusia (diminuição da audição).
O uso de Ginkgo poderá aumentar o risco de sangramentos ao potencializar a ação do ácido acetilsalicílico e do clopidogrel, de anticoagulantes como varfarina e heparina, além de anti-inflamatórios não esteroidais como ibuprofeno ou naproxeno. A administração do Ginkgo poderá diminuir a ação de anticonvulsivantes (fenitoína) e, em presença de antidepressivos (inibidores da monoamino oxidase), intensifica a ação farmacológica destas drogas e, também, dos efeitos colaterais como cefaleia, tremores e surtos maníacos.
Quando usado com sertralina poderá desencadear aumento nos batimentos cardíacos, hipertermia, sudorese intensificada, rigidez muscular e agitação. Doses elevadas de Ginkgo poderão elevar a pressão sanguínea quando administrado com alimentos que tenham tiramina.
Outro fitoterápico de uso comum e que tem muitas interações medicamentosas é o Hypericum perforatum, conhecido popularmente como “erva de São João”. Ele é capaz de inativar a ação de muitos medicamentos !
O grapefruit e os substratos das enzimas CYP3A
A grapefruit é uma fruta muito utilizada para fazer sucos e outras bebidas não alcoólicas nos Estados Unidos. No Brasil, é conhecida como toranja ou pomelo. Estudos comprovaram que substâncias presentes na fruta foram identificadas como inibidoras das enzimas do citocromo P450 CYP3A causando diminuição significativa no metabolismo dos substratos das enzimas CYP3A. Os medicamentos administrados por via oral que são substratos para CYP3A, como os antimaláricos, bloqueadores do canal de cálcio, as estatinas e a carbamazepina, são susceptíveis a interação com suco de toranja.
O médico deve orientar os pacientes a evitarem o suco de toranja, presente em bebidas como Schweppes Citrus® e Fanta Citrus®, quando utilizarem algum dos medicamentos acima.
Remédios para baixar o colesterol
A sinvastatina é um dos medicamentos mais utilizados no Brasil atualmente como hipolipemiante. Metabolizada pelo citocromo CYP3A4, ela tem interação com outras diversas drogas, podendo diminuir significativamente os níveis destas no sangue.

Álcool

Bebidas alcoólicas podem interagir com diversos medicamentos inativando ou potencializando seus efeitos. O álcool é particularmente prejudicial quando interage com drogas psicotrópicas (que atuam no sistema nervoso) como calmantes/ ansiolíticos, antidepressivos, anticonvulsivantes e analgésicos.

segunda-feira, 5 de março de 2018

Insônia


Insônia é a dificuldade de iniciar ou manter o sono ou ainda a percepção de um sono não reparador, com prejuízo na atividade social e/ou profissional.
Geralmente a insônia decorre da interação de diversos fatores como predisposição genética, fatores físicos, biológicos, mentais, psicológicos e sociais.
Entre as mais comuns doenças ou distúrbios do sono, pode-se citar a Síndrome da Apnéia e Hipopnéia Obstrutiva do Sono, a Síndrome dos movimentos periódicos dos membros (antigamente denominada “Síndrome das Pernas Inquietas”) e as Parassonias.
Insônia também pode ser causada ou agravada por outras condições como Depressão, Transtorno da Ansiedade, Fibromialgia, Dor Crônica, Distúrbios Metabólicos Hormonais (por exemplo, doenças da tireóide), algumas medicações e substâncias (estimulantes, benzodiazepínicos, bebidas alcóolicas). Muitos pacientes com Insônia Idiopática (sem causa aparente) relatam dificuldade para dormir de início ainda na infância. Pacientes com doença de Parkinson em fase inicial podem ter distúrbios do sono, ou apresentar insônia quando a doença já está instalada. Pacientes com quadros demenciais geralmente têm dificuldade para dormir devido a agitação psicomotora que ocorre à noite, por exemplo.
Na maioria dos casos a insônia é do tipo psicofisiológica, na qual estão envolvidos fatores predisponentes como um nível aumentado de alerta e vigilância, mesmo durante a noite; fatores desencadeantes como mudança de trabalho, perda de ente querido, situações familiares e pessoais de conflito e fatores perpetuadores como a manutenção de hábitos inadequados em relação ao sono (horário irregular de ir deitar, ficar assisistindo TV ou usar computador e celular até tarde da noite).
Existe também a insônia paradoxal, que consiste em uma má percepção do estado de sono, ou seja, a pessoa queixa-se de dormir pouco, mas a polissonografia (exame que faz uma análise detalhada de uma noite de sono do paciente) não constata anormalidades.
A grande maioria dos casos de insônia pode ser caracterizada como insônia inicial que se caracteriza pelo aumento da latência do sono, ou seja, aumento do tempo que o indivíduo demora para iniciar o sono. Também é muito freqüente a insônia de manutenção onde ocorre o aumento dos despertares durante a noite.
A insônia terminal é um pouco menos comum e se caracteriza pelo despertar precoce, quando o indivíduo acorda muito antes do horário que desejaria, mas não consegue voltar a dormir. Alguns pacientes queixam-se na realidade da qualidade de seu sono, ou seja, mesmo dormindo uma quantidade de horas considerada satisfatória, estes indivíduos têm a sensação de que o sono não foi reparador.
A quantidade ideal de horas de sono é uma característica individual. A maioria das pessoas sente-se satisfeita após cerca de 7 a 8 horas de sono, porém o que define se a pessoa dormiu satisfatoriamente é o estado em que ela se encontra no dia seguinte. Geralmente os pacientes com insônia apresentam-se cansados, mal-humorados, sonolentos ou com sensação de "atordoamento". Muitos, mesmo sonolentos, não conseguem dormir durante o dia.
A insônia crônica pode resultar em distúrbios da memória e concentração, ansiedade, depressão, irritabilidade, sentimento de insatisfação constante, baixo rendimento profissional, prejuízo no convívio social e aumento do risco de acidentes com veículos automotores.
Nem todo o paciente com queixa de insônia precisará passar por um exame de polissonografia; são fundamentais a história clínica e o exame físico, procurando estabelecer a relação da insônia com outros achados para se chegar ao diagnóstico. A polissonografia é útil quando há a possibilidade de se tratar de um distúrbio específico do sono, pois fará um levantamento estatístico detalhado que vai guiar o tratamento.
Uma vez estabelecido o diagnóstico existem várias opções de tratamento, seja medicamentoso, seja através de terapias cognitivo-comportamentais, sendo indispensável o acompanhamento médico adequado. No tocante ao medicamentos atualmente dá-se preferência aos que não provocam dependência e que podem ser reduzidos ou retirados futuramente.