quinta-feira, 25 de agosto de 2016

A RESPEITO DE DEPRESSÃO E ANSIEDADE
Dr. Aloisio Ponti Lopes - Neurologia - CRM 13.337


“Quebrei a perna, vou imediatamente ao meu oculista”.

Sem dúvida, existe algo de extranho nesta afirmação, não acha? Sim, é possível ter complicações oculares após uma fratura, mas seria o Oftalmologista o médico mais indicado para aplicar um gesso, ou decidir se há necessidade de cirurgia após uma fratura, e até mesmo realizar esta cirurgia? Por que não ir a um Ortopedista? (Bom, você pode dizer que caiu e quebrou a perna porque não está enxergando bem, mas obviamente não é disso que estou falando !)
A Medicina moderna se fragmentou buscando o aperfeiçoamento através da especialização. Sim, temos grande necessidade de bons Clínicos médicos, para não perdermos a visão de conjunto; em cada médico esta é uma habilidade cada vez mais desejável, embora cada vez mais difícil de ser alcançada - a própria vastidão de conhecimentos dificulta a atualização constante do conhecimento. Assim, já não temos apenas o Cirurgião Geral, mas para cada área da Cirurgia existe um especialista, e assim ocorre também na Clínica e mesmo na Pediatria e Gineco-Obstetrícia.
É uma lástima o que ocorre com a Psiquiatria a este respeito, assolada por um preconceito enorme e tão largamente difundido! Atingida pela prática generalizada em depressão e ansiedade, tantas vezes sem conhecimento de causa, sem preparo, sem atualização e marcada pela propaganda e acesso fácil aos medicamentos! Psicoterapia é uma ciência, mas no entanto proliferam os “entendidos” no assunto!
Depressão e ansiedade são situações extremamente prevalentes nos nossos dias, e muito mais ainda nas grandes cidades. Sim. Seria interessante que todos pudessem ter acesso, com estas queixas, ao Psiquiatra, mas isto não ocorre hoje: “o convênio não cobre”, ou “eu não estou louco” é a desculpa mais freqüentemente ouvida.
Assim como não se fala mais em prevenção e “check-ups” são “caros”, não se trata depressão ou ansiedade muitas vezes por ignorância, outras por negligência. Afinal de contas, de que vale uma cobertura parcial se v. não pode adivinhar que um dia poderá precisar de uma cirurgia cardíaca, ou de um transplante? Talvez nós realmente pudéssemos diminuir a população de pacientes internados em hospitais psiquiátricos, se a saúde mental fosse levada mais à sério, e sem preconceitos.
Sim, muitas doenças diferentes podem gerar depressão ou ansiedade, e em alguns casos há a necessidade de intervenção do Neurologista, do Neurocirurgião ou de outros profissionais médicos. Eu disse em alguns casos. “Mas não é grave” é outra desculpa sem fundamento; assim a nossa “pequena fratura” poderia ser assistida sem problemas pelo nosso colega Ginecologista, não? Não há por que se iludir. Procure o especialista certo; se o seu caso é depressão ou ansiedade, procure um Psiquiatra!
PROCURANDO O ESPECIALISTA CERTO
PARA O SEU PROBLEMA ? LEIA !

ATENÇÃO
PROBLEMAS COMO “STRESS” , “NERVOSISMO”, ANSIEDADE E DEPRESSÃO NÃO SÃO ATENDIDOS PELA ÁREA DE NEUROLOGIA CLÍNICA !

Você certamente não costuma procurar pão e leite em banca de revistas, e também nunca comprou frango em peixaria, correto? (bem, do jeito que as coisas vão no Brasil, quem sabe em futuro próximo isso aconteça mesmo...). Então porque misturar as coisas também quando vai ao médico?
Quando se trata de uma doença com o especialista da área certa, você tem inúmeras vantagens: pode contar com a sua experiência, seu conhecimento na área, e assim pode evitar gastos desnecessários, exames e procedimentos mais rápidos e eficazes poderão ser indicados, além do tratamento ser mais acurado.
Em muitos casos vemos pacientes, vítimas de seus próprios preconceitos, buscando ajuda incessantemente sem resultados, apenas por que não seguem esta regra básica!
Na área de Neurociências, há vários especialistas diferentes, podendo o tratamento para uma doença necessitar de um, ou vários deles. Veja a quem recorrer:

Neurologista: É o médico especialista em Clínica Neurológica: tudo o que diz respeito ao Sistema Nervoso, à exceção dos casos cirúrgicos (Neurocirurgião) e das doenças mentais (Psiquiatra); doenças como Parkinson, Alzheimer e Demências, Esclerose Múltipla, Neuropatias Periféricas, Miopatias, Epilepsia, AVC (“derrames”), Cefaléias, Distúrbios do Sono, Meningites, Encefalites, Mielites, Neuralgias Faciais, Paralisia de Bell, etc. são algumas doenças tratadas pelo Neurologista;
Neurocirurgião: É o médico especialista em Cirurgia Neurológica; como nem todas as doenças necessitam tratamento cirúrgico, você deverá consultar um Neurologista em caso de problema Clínico, ou um Psiquiatra em caso de doença mental. São casos para o Neurocirurgião: tumores, hidrocefalia, traumatismos cranianos, aneurismas, malformações vasculares e do sistema nervoso, hérnias de disco, etc.;
Psiquiatra: É o médico que cuida das doenças mentais: ansiedade, depressão, “nervosismo”; psicoses, neuroses, Esquizofrenia, etc.; usa para tanto medicamentos e/ou psicoterapia;
Psicólogo: Não é médico, e trata distúrbios psicológicos através da Psicoterapia;
Psicanalista: Outro profissional não-médico, trata problemas psicológicos através da Psicanálise;
Fonoaudiólogo: Profissional da área da Saúde que trata dos problemas da Linguagem e da audição através de terapia específica;
Fisioterapeuta: Profissional da área de Saúde responsável pela Rehabilitação através de Fisioterapia;
Terapeuta Ocupacional: Profissional que elabora objetos e adapta utensílios do dia-a-dia para a readaptação do paciente portador de deficiência física à vida cotidiana.

Então, resumindo:
Distúrbios “emocionais”:
- Nervosismo
- Ansiedade, distúrbio do pânico
- Depressão, distúrbio bipolar, Burn-Out
- Psicose, alucinações, esquizofrenia, stress pós-traumático; uso de drogas
- Stress, problemas de relacionamento, problemas no trabalho, problemas com filhos
- marido alcoólatra, marido que espanca a mulher (caso de polícia), traição conjugal
=======> consulte um PSIQUIATRA ou PSICÓLOGO.

O Neurologista trata de doenças orgânicas, por exemplo:
- Epilepsia;
- Parkinson;
- Esclerose múltipla;
- Enxaqueca, Cefaléia em Salvas, hemicranias e outros tipos de dor de cabeça;
- AVC;
- Neuropatias periféricas, miopatias;
- Demências.

O neurologista NÃO TRATA DISTÚRBIOS EMOCIONAIS ! NÃO CONFUNDA AS DUAS ÁREAS !!

terça-feira, 26 de julho de 2016

UM DOS MALES QUE AFLIGEM A HUMANIDADE: STRESS

Descrição
Stress não é uma doença, é uma reação do organismo a uma ou mais sobrecargas.
Trânsito, problemas financeiros, profissionais, familiares, situações de vida, doenças, álcool, drogas, acidentes, correria, insegurança, dificuldades com chefes, colegas, carro quebrado, Marginal parada, etc., fazem nosso corpo produzir excesso de dois hormônios, Adrenalina e Cortisol.
Então começam os sinais de Stress:
- Diminuição do rendimento, erros, distrações e faltas na escola ou no trabalho.
- Insatisfação, irritabilidade, explosividade, reclamações.
- Indecisão, julgamentos errados, atrasados, precipitados, piora na organização, adiamento e atrasos de tarefas, perda de prazos.
- Insônia, sono agitado, pesadelos.
- Falhas de concentração e memória.

Coisas que davam prazer se tornam uma sobrecarga.
Uso de finais de semana para colocar o serviço em dia, ao invés de relaxar.
Cada vez mais tempo com trabalho e menos com lazer. Parece que o dia normal de trabalho não é mais suficiente para o que tem que ser feito.
Diminuição de entusiasmo e prazer pelas coisas, sensação de monotonia
Que levam aos sintomas do Stress
- Cansaço
- Ganho ou perda de peso, má digestão, prisão de ventre e diarréia, gases, gastrites, úlceras.
- Baixa de resistência, infecções, gripes e outras viroses, por exemplo Herpes.
- Pressão Arterial alta, Colesterol alto, Arteriosclerose, Acidente Vascular Cerebral (AVC ou "Derrame"), Infarto, etc.
- Dores de cabeça, dores musculares, dores “de coluna”, Fibromialgia.
- Bruxismo (significa ranger dentes durante o sono).
- Restlesslegs (pernas intranqüilas, principalmente na cama durante a noite).
- Acne, pele envelhecida, rugas, olheiras. Seborréia, queda de cabelos, unhas fracas.
- Diabetes.
- Diminuição de Libido, Impotência Sexual.
- Tentativa de relaxar com álcool, nicotina, drogas e excesso de comida, causando outras complicações no organismo.
- Doenças psicossomáticas.
- Ataques de ansiedade.
- Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).
- Ataques de Pânico [taquicardia, sudorese, falta de ar, tremor, fraqueza nas pernas, ondas de frio ou de calor, tontura, sensação de que o ambiente está estranho, que a pessoa “não está lá” (isso se chama desrealização), de que vai desmaiar, de que vai ter um infarto, de uma pressão na cabeça, de que vai "ficar louco", de que vai engasgar com alimentos, assim como crises noturnas de acordar sobressaltado com o coração disparando e com sudorese intensa].
- Depressão.

Importante:
1) Não precisa acontecer uma sobrecarga exagerada para estressar. Às vezes vários pequenos fatores se acumulam e sobrecarregam o organismo. Isto é muito importante, porque a maioria das pessoas acha que para estressar precisar existir um problema muito grande, e não precisa mesmo !

2) Sobrecargas "boas" também podem estressar. Exemplos: comprar, reformar, construir casa, promoção no trabalho com novos desafios, casamento, ganhar na loteria e ter que investir o dinheiro J.
Com o tempo aprendemos a controlar, administrar e conviver com os problemas que nos sobrecarregam e causam ansiedade. Cada pessoa tem um limite de problemas que ela consegue administrar, isso é individual.
Você não precisa se livrar de todos os seus problemas para melhorar, basta chegar à quantidade que você consegue administrar sem estressar.

O que fazer ?
A solução é óbvia mas difícil de fazer: mudar hábitos.
- Deitar mais cedo, dormir mais, fumar e beber menos, alimentação mais saudável, socializar mais com amigos, dançar, fazer esportes, ir ao cinema.
- Viajar, tirar férias, curtir a família. Até Deus precisou descansar no sétimo dia !
- Massagem, Yoga, meditação.
- Condicionamento físico.
- Psicoterapia. Conversar com uma pessoa neutra e tecnicamente preparada ajuda a organizar melhor os pensamentos e administrar melhor os problemas.
- A medicação acaba com os sintomas físicos e melhora o sono. Com isso a pessoa tem mais “cabeça fria” e energia para procurar soluções.
- Se aparece uma Depressão ela irá piorar o Stress e criar um círculo vicioso, portanto deve ser tratada - procurar um ***** PSIQUIATRA *****.
- O neurologista trata "stress" ? - NÃO !

Não deixe de se tratar! Sua qualidade de vida só pode melhorar!

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Qual é a causa mais comum de dor de cabeça ?

Qual o tipo mais comum de dor de cabeça e como reconhecê-la ?

(Dr. Ponti) - A cefaléia do tipo tensional episódica é a mais comum de todas. Os critérios diagnósticos são:

- Pelo menos 10 crises prévias e freqüência <15 dias/mês;
- Dura de 30 minutos a 7 dias;
- Pelo menos 2 das características seguintes:
ser em pressão ou aperto, fraca a moderada, bilateral e não se agrava com esforço físico;
- Não há enjôo ou vômito e não costuma piorar com a luz ou barulho;
- Sem outras evidências, sinais e sintomas de outras causas de dor de cabeça.

Alguns pacientes têm contração dos músculos em volta da cabeça ou pontos sensíveis nessa musculatura.

Muitos pacientes com cefaléia tensional têm ansiedade, depressão ou fibromialgia; a maioria entretanto não tem nenhuma outra doença.

O uso abusivo e/ou frequente de analgésicos também pode desencadear cefaléia tensional.

Como se trata de uma cefaléia primária, não aparece nenhuma lesão nos exames de imagem (RX, Tomografia ou Ressonância Magnética), sendo estes dispensáveis para o diagnóstico.

Existem várias teorias para explicar a causa deste tipo de dor de cabeça, sendo a maioria relacionada aos neurotransmissores e a mecanismos periféricos e centrais de indução de dor.

Para o tratamento podem ser utilizados vários tipos diferentes de medicamentos, sempre lembrando que não se deve usar analgésicos com muita frequência, em doses altas e/ou de muita potência.

sábado, 23 de abril de 2016

Tire suas dúvidas com o Dr. Ponti !

- Fui consultar um neurologista, estou com dores de cabeça mas ele me prescreveu um antidepressivo, embora eu não me sinta deprimido. O que faço ? (P. G., Paranaguá-PR)

(Dr. Ponti) - Em Neurologia, especialmente, é comum existirem remédios que são utilizados para diversas doenças. Na verdade os neurologistas não encaram os medicamentos como “antidepressivos” ou “anti-epilépticos”. Consideramos os medicamentos pelo modo em que eles agem no cérebro e no sistema nervoso periférico, de acordo com sua ação sobre os neurotransmissores, que são substâncias químicas que transmitem informações entre as células.  Assim, existem remédios que atuam nas vias que funcionam com o neurotransmissor serotonina, outros que agem sobre a dopamina, etc.. Cada um destes remédios pode por este mecanismo de ação ser útil no tratamento de doenças diferentes; efeitos diferentes podem também ser obtidos com doses diferentes.  Um bom exemplo disso é a Amitriptilina (Amytril), que em baixas doses pode ser muito eficaz para dores de cabeça, mas também é um bom antidepressivo, neste caso, em doses mais altas. Siga a orientação do seu médico e tome o medicamento conforme ele prescreveu.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Fosfoetanolamina

A presidente Dilma sancionou recentemente lei que autoriza o uso da fosfoetanolamina por pacientes com câncer.
Não há até este momento trabalhos científicos que corroborem o uso desta substância - não se sabe se é eficaz ou não.
A fosfoetanolamina nem sequer é uma novidade - já era "distribuída" pela USP de São Carlos há muitos anos.
A comunidade médica repudia a conduta da presidente pois poderá trazer consequências nefastas a estes pacientes - alguns abandonaram o tratamento convencional para se entregar a uma "promessa" de cura sem comprovação científica.

Links:
http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/vida/noticia/2016/04/10-perguntas-que-nao-sao-esclarecidas-pela-lei-que-aprovou-o-uso-da-fosfoetanolamina-5781554.html

http://www.ebc.com.br/noticias/saude/2016/03/pilula-do-cancer-polemica-fosfoetanolamina